Crise do sistema colonial

Os caminhos para o fim do pacto colonial
Sabe-se que a emancipação política do Brasil em relação a Portugal só foi conquistada, de fato, em 7 de setembro de 1822. No entanto, nossa situação colonial já havia sido praticamente anulada antes disso. Alguns fatores que, desde cedo, indicavam o enfraquecimento do sistema colonial brasileiro são as primeiras revoltas separatistas (Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana) e a vinda da família real portuguesa ao Brasil.
Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira foi uma revolta de caráter mais elitista que ocorreu em razão da ameaça de uma Derrama (isto é, a cobrança forçada de impostos atrasados). Quando as jazidas de ouro começaram a se esgotar, o governo português alegou que parte daquilo estava sendo desviado e continuou cobrando os mesmos impostos, gerando insatisfação, em especial, da população mais rica, que empobrecia com essa política.
Influenciada pelo Iluminismo e independência dos EUA, a Inconfidência Mineira propunha a proclamação de uma república escravista em Minas Gerais, e teve Tiradentes como seu principal líder. Porém, antes mesmo de ser colocado em ação, o plano dos rebeldes chegou aos ouvidos do governador, que suspendeu a Derrama e sentenciou parte dos envolvidos à prisão, incluindo Tiradentes, que mais tarde foi condenado à forca.
Conjuração baiana
Por outro lado, houve, em Salvador, uma rebelião de classes populares, que encontravam-se insatisfeitas com o descaso do governo em relação à região do nordeste brasileiro após o Rio de Janeiro tornar-se capital, além das dificuldades econômicas e o preconceito contra os afrodescendentes, que acabava por prejudicar a vida em sociedade.
Os revoltosos, influenciados pelo Iluminismo, Revolução Francesa, independência dos EUA e do Haiti, defendiam, portanto, a proclamação de uma república abolicionista, diminuição dos impostos e aumento da oferta de alimentos. Temendo a vitória dos baianos, as autoridades rapidamente prenderam os envolvidos e quatro deles foram sentenciados à morte. Entre eles, o líder João de Deus, que foi enforcado e esquartejado em praça pública.
A vinda da família real
Com a invasão francesa a Portugal em decorrência do descumprimento do Bloqueio Continental, a corte portuguesa viu-se obrigada a deixar o país, utilizando um plano de fuga já pronto há alguns anos: em caso de ameaça, a corte deveria abrigar-se na colônia. Sendo assim, D. João VI e os outros membros da corte portuguesa vieram ao Brasil, dando início ao período Joanino.
A chegada de D. João VI provocou algumas mudanças na colônia, como:
Abertura dos portos às nações amigas, que marcou o fim do pacto colonial e a liberdade econômica, beneficiando a elite oligárquica;
Tratado de 1810, que concedia vantagens à Inglaterra no comércio com o Brasil, cobrando menos impostos pelas mercadorias inglesas;
primeira imprensa régia;
elevação do Brasil a Reino Unido.
A Revolução Liberal do Porto
Foi uma revolta causada pela insatisfação dos portugueses com o absolutismo e com a ocupação militar inglesa, que também defendia a restauração do pacto colonial e o retorno da família real. Foram convocadas as Cortes Constituintes, que determinaram que D. João VI deveria voltar a Portugal com seus poderes limitados por uma constituição.
Bastante pressionado, D. João VI decidiu atender às exigências do povo português, mas deixou seu filho, D. Pedro I, como príncipe regente do Brasil.